EntreGêneros: Conte-nos um pouco sobre sua profissão de educadora. O que levou-a a fazer essa escolha? Alguma espécie de ideal?
GS: Olha, eu fiz faculdade de Letras porque queria ser escritora e não professora. Ser professora de Língua portuguesa foi o caminho. O destino, juntamente com a necessidade, me levaram a dar aulas. Gostei muito de dar aulas. Era muito idealista, hoje sou mais realista e vejo que o mundo não mudou como eu esperava que mudasse. Acho que os alunos eram bem mais interessados no conhecimento formal.
Hoje, estou em outra função, mas adoro dar aulas, sim, e vejo que os tempos são outros,tecnológicos, meio dispersos, num mundo amplo de informações. Dou aulas para o Ensino Médio e Fundamental desde 1993,então, já vivi momentos maravilhosos em que os alunos foram muito participativos, como também vivi desrespeitos por parte de alunos da periferia e de escolas particulares que nada queriam com o conhecimento.
Sinto um paradoxo na Educação, ampla de informações, mas ao mesmo tempo presa nesse mesmo mundo cheio de possibilidades, que se não forem bem direcionadas levam ao caos.
Sinto um paradoxo na Educação, ampla de informações, mas ao mesmo tempo presa nesse mesmo mundo cheio de possibilidades, que se não forem bem direcionadas levam ao caos.
O Governo, as políticas educacionais ainda caminham em passos bem lentos. Há muita corrupção, os desvios das verbas para a Educação e a falta de medidas salariais dignas para o professor, me fizerem rever meus conceitos.
EntreGêneros: Como avalia o interesse dos jovens pela leitura e pela poesia propriamente dita?
GS: Há alunos que gostam muito de ler (são minoria),mas, para que o aluno se disponha a abrir um livro de literatura, por exemplo, o professor tem que ser leitor, Vejo muitos colegas que não lêem, então como podem passar essa verdade aos alunos?
EntreGêneros: Como avalia o interesse dos jovens pela leitura e pela poesia propriamente dita?
GS: Há alunos que gostam muito de ler (são minoria),mas, para que o aluno se disponha a abrir um livro de literatura, por exemplo, o professor tem que ser leitor, Vejo muitos colegas que não lêem, então como podem passar essa verdade aos alunos?
A Poesia terá que ser algo natural. Eu, como educadora, não posso impor quemeus alunos gostem de poesia, mas eu posso mostrar o mundo da ficção como algo novo e cheio de possibilidades. Quando vc age assim eles (os jovens) se interessam sim.
EntreGêneros: Como iniciou a sua paixão pela escrita? Quais foram as influências importantes que permearam seu caminho?
EntreGêneros: Como iniciou a sua paixão pela escrita? Quais foram as influências importantes que permearam seu caminho?
GS: Desde cedo meu pai, que era professor universitário, sempre incentivou-me a ler. Fazia assinaturas de revistas infantis da época e também assinava o Círculo do Livro para que eu recebesse os livros de literatura Universal. Isso foi algo encantador e que me fez gostar ainda mais de ler. Lembro que eu era uma adolescente tímida e quando eu chegava em casa do colégio adorava ir para meu canto ficar lendo e escrevendo também(risos). Lembro-me que escrevi meu primeiro "romance" quando eu tinha uns 13 nos. Chamava-se Donátila..rsrs. Nem sei de onde inventei esse título. A poesia surgiu mais tarde um pouco,por influência do meu avô Benjamim, homem sábio e que lia muitos poemas de Olavo Bilac, entre outros. Eu ficava deitada na rede só ouvindo-o recitar, Nossa! Lembro-me disso e me emociono tanto!... .Acho que essas leituras de avô para neta foram o ponto de partida para a poesia que sempre existiu em mim.
Hoje, leio muito e bebo de muitas fontes, mas vejo que tenho muito do meu "pai" Drummond, da poesia cotidiana, confessional.
EntreGêneros: O quanto de você coloca em seus poemas? Você é daquele tipo de poeta que deixa suas emoções transbordarem ou costuma refrear seu sentir quando escreve?
GS: Eu não costumo refrear meus sentimentos, principalmente em se tratando de Literatura, porque a ficção me leva aonde eu gostaria de ir... ao imaginário das coisas, do mundo, ou dos mundos, então, eu deixo tudo fluir...como pássaros que plainam sentindo a liberdade do vôo.
EntreGêneros: Acompanho seu trabalho a um bom tempo e percebo nele uma evolução significativa, uma busca por novos caminhos. Você considera a escrita um processo de auto superação. Fale-nos um pouco sobre como sente o seu processo criativo.
GS: Sim! A escrita é sempre um processo enunciativo de auto superação, ma medida em que vivemos... o processo é contínuo. Acho que, o amadurecimento na escrita cresce na medida em que voçê lê, em que você expande sua cultura e busca o conhecimento de outras culturas, outras vivências.
EntreGêneros: Os sentimentos humanos são constantemente motivação e tema na escrita poética. O quanto você expõe de suas próprias emoções ao escrever?
GS: Como diria Mário Quintana, nosso queridinho poeta gaúcho, toda poesia tem um quê de confessional...de projeção do autor-pessoa.Sim...essa questão é polêmica..e muitos teóricos da literatura entram em contradição. Eu sou representada pelos meus "eus" que enunciam os sentimentos perante as coisas do mundo, eles espiam...e enunciam...é isso.
EntreGêneros: A escrita é uma tarefa árdua e solitária, na maioria das vezes. Em algum momento sentiu vontade de desistir de escrever? Fale-nos um pouco sobre a dor e a delícia de ser escritor.
GS: Nunca pensei nisso.Gosto de escrever, essa ação é gratuita para mim, vem como uma vazão, um desaguar de muitos vômitos incontidos e visíveis nos meus textos. Escrever ficção é uma delícia, porque voçê torna-se muitos seres num só ser. Isso é mágico, é teatral e eu gosto de teatros, de palcos e cochias.
GS: Como diria Mário Quintana, nosso queridinho poeta gaúcho, toda poesia tem um quê de confessional...de projeção do autor-pessoa.Sim...essa questão é polêmica..e muitos teóricos da literatura entram em contradição. Eu sou representada pelos meus "eus" que enunciam os sentimentos perante as coisas do mundo, eles espiam...e enunciam...é isso.
EntreGêneros: A escrita é uma tarefa árdua e solitária, na maioria das vezes. Em algum momento sentiu vontade de desistir de escrever? Fale-nos um pouco sobre a dor e a delícia de ser escritor.
GS: Nunca pensei nisso.Gosto de escrever, essa ação é gratuita para mim, vem como uma vazão, um desaguar de muitos vômitos incontidos e visíveis nos meus textos. Escrever ficção é uma delícia, porque voçê torna-se muitos seres num só ser. Isso é mágico, é teatral e eu gosto de teatros, de palcos e cochias.
EntreGêneros: O escritor gosta de ver seu trabalho reconhecido, uns dão mais importância, outros menos. Sei que você, particularmente, valoriza esse aspecto. Conte-nos sobre algo que lhe deixou feliz nesses anos de percurso na escrita.
GS: Obtive algumas premiações, onde vi o reconhecimento do meu trabalho. Fui premiada no concurso de contos fantásticos, no ano de 2004, pelo SESC - Amazonas, com o Conto
:Fanopéia-net,e em 2003 num Projeto da Prefeitura de minha cidade participei de uma antologia poética chamada Vozes em Madrigal, que por sinal, é o nome do meu grupo poético no Facebook.
EntreGêneros: "Não quero faca, nem queijo. Quero a fome", diz a escritora Adélia Prado. Esse pensamento se aplicaria a você?
GS: Não sei...talvez sim..talvez...não...as vezes eu quero tudo, e só fica a fome...
*Biografia- Giselle Serejo
Excelente entrevista!
ResponderExcluirParabéns pela escolha, Ianê. E você Gisele que já conhecia do Diálogos Poéticos, so nos acrescenta com sua poesia.
Beijos as duas
Mirze
Concordo com você Mirze! Muito interessante! Parabéns Ianê e Gisele!
ResponderExcluirObrigada, queridas, pelos comentários e pela presença amiga.
ResponderExcluirBjs.
Parabéns Giselle
ResponderExcluirOBRIGADA A TODOS E A TODAS QUERIDAS PESSOAS QUE LEEM E PRINCIPALEMNTE À VOCÊ POETA Ianê Melo,sempre envolvida com a cultura literária sobretudo.Bjks.
ResponderExcluirAdorei a entrevista... É sempre bom conhecer um pouquinho mais sobre novos autores e amantes da literatura. Parabéns, pelo blog. Muito organizado. Se quiser me visitar:
ResponderExcluirhttp://www.juntando-palavras.blogspot.com.br/
Abs!
Gostei muito de ler a sua entrevista, só posso dar-lhe os PARABÉNS! no final quando diz "às vezes eu quero tudo, e só fica a fome"... bonito, adorei!!!
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