sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

WES ROCHA - POEMAS







SONETO DA DESPEDIDA


Se ao invés do amor, só amargura eu mereça
Quando eminente é o findar de todo encanto
Não mais te amar, nem espalhar meu canto
Melhor que a morte em meu peito adormeça


Mesmo que triste meu coração obedeça
Ordenar absorto de não sentir meu espanto
De não te ver sorrir nem colher teu pranto
Acordar-te aos beijos tão cedo amanheça


Tão súbito o fim desse amor, pareça
Ao saber que se foi assim de repente, contanto,
O alento de te ver sorrir na eternidade permaneça


Se o reluzir dos teus olhos nos meus, for apenas lembrança
E se vá ao bater a porta e nem dizer adeus, no entanto,
Perdoe meu apelo, se por um momento, minha saudade te alcança.




ERA AMOR


Era tanto amor,
Que descompensado parecia
Ao ver teus olhos rezulentes
Ir de encontro aos meus somente
Sentir sua boca que à minha pertencia


Era tanto amor,
Que de tão perfeito eu duvidaria
Sentir teu corpo ao meu tão rente
Ser tu só minha simplesmente
Ao mergulhar em teu olhar me perderia


Foi tão puro e transparente
E por tanto tempo assim seria
Se de tão forte e inconsequente
Não se entregasse à nossa frente
Ao ciúme ao qual se renderia


Foi tão belo e raro amor
Sonho um dia por nós vivido
Ainda que não fora eterno, foi sentido
Esquecer-te jamais eu poderia.




ENTRE GESTOS


Ao fitar em teus traços cada gesto
Num breve contemplar me sustento
Desvendar-te, ordem que me presto
Desbravar cada pedaço de ti ostento


Ao parecer dominar cada parte tua
Mesmo que se faça assim tão displicente
Sei que no fundo existe um desejo ardente
De mostrar-te a mim ousadamente nua


E ao te sentir ofegar entre tantos ruídos
Ensaio o deleite que teu corpo espera
Revelar teu desejo por mim extraído


Por entre os gestos deste doce castigo
Disfarço a volúpia que o desejo venera
Ser só teu ao ceder a este amor proibido.




INQUIETANTE DESPERTAR


Frente ao despertar inquietante
Percorro o frio sombrio rompante
onde minh'alma singela, cintilante
Sê no silêncio a dádiva
deste pequeno instante
ainda que intrínseca, rara,
beleza sublime constante
ao cair da lágrima,
és tu o despertar, olhar pulsante
Onde então, sutil véu se rompe
Ainda confuso, vazio semblante
Perdido no astral devaneante
Ora, me desfaço do ego
Ora, Sou ego errante
és tu, chamada
noite negra da alma
Expiação desse ser vacante.




DOCE INCÓGNITA


Feito céu de vazio e imensidão…
Contraste volúvel que em meu pensar permeia
No entreter esguio de tudo que te rodeia


Mesmo que o almejar saber-te
Me leve para ainda mais longe
Dos segredos que em ti esconde


Encontrar-te é tal mistério feito sina
Desvelar suave de uma força pujante
Resumir-me pensar em ti a cada instante
Torturar-me ao saber que estás distante


Vês que, afinal és tu meu céu insólito
Extasiado em meu âmago inóspito
Indaga-me num dulçor utópico: Decifra-me ou devoro-te?
Sem pestanejar responderia, no anseio de revelar teu ato,
Se ao devorar-me, revelar-te-ia desejo oculto de amar-me.




AMOR POR SI SÓ


Ao Ver em teus olhos sinceros
O reflexo de um ser que clama
Amar-te ainda mais espero
Como o sol que flameja em chama
Guardado em teu seio ardente, pondera a ti,
Quem não ama?
Desperta-me olhar inerte
De amor cheio meu peito inflama
Pois o amor é por si só, refúgio escondido
O amargo-doce em teu pranto colhido
Que se encontra em tempo incerto
Viver, e não sentir que te amo
É morrer no mais frio deserto.




Narrativa da Morte da Alma


Foi então,
Que do silêncio fez-se o grito
Das horas, um só momento
Do vazio, fez-se o rito
E o refletir, descontentamento…




Foi então,
Que o amor tornou-se atrito
Da saudade em mim vivente,
Lamentar do que nos foi sofrido,
Desejo que se fez ausente…




Foi então e somente então,
Que do sorriso fez-se o pranto
Da alegria fez-se o espanto
Por ti amor, não me ter crido
Que meu coração, era teu somente…




Foi tão claro e de repente
Que o olhar se fez distante
E o sentir se fez errante
Quando o adeus se fez presente.




SONETO DO AMOR INCONSEQUENTE


De toda desventura por mim vivida
Ao sentir-me ponderar tão descontente
Entre desistir ou viver intensamente
Me entregar a uma paixão tão descabida


Se já me basta querer amar-te em vida
Tão cedo a morte chegue a mim somente
Mergulhar na solidão em mim vivente
Desvario no padecer de minh’alma sofrida


Ainda que desenfreado seja o amor contido
Tão perdido luminar de uma estrela cadente
Feito chama que num brilhar não me tem crido


Faz meu peito arder em fogo incandescente
Ao ver que o sopro do viver não percebido
Era afinal por ti amor sentido inconsequente.




WES ROCHA- Biografia
                        
Entrevista

2 comentários:

  1. Poeta!

    Belíssimos sonetos! Dedique-se à esta difícil arte.

    Parabéns por todos os poemas.


    Beijos

    Mirze

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  2. Boa tarde
    È dificil escolher,por isso.PARABÈNS a todos.
    Lindos, mesmo!!
    Bjinho

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