quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ANA TAPADAS - ENTREVISTA Nº 3




EntreGêneros: Como teve início o seu interesse pela escrita?

Ana Tapadas: Desde muito cedo comecei a brincar com as palavras. Escrevi o primeiro poema aos nove anos e tenho gavetas cheias de pequenos cadernos rabiscados com a caligrafia de muitas idades. Porém, que fique claro, não me julgo poetisa.

EntreGêneros: Quais escritores lhe influenciaram e em em que busca inspiração para escrever?

Ana Tapadas: Escrever é um impulso, uma pulsão, um acto de ruptura numa pessoa que se pretende assertiva e algo austera, como eu. Em mim é um vórtice, uma estranheza.
Li muito. A minha vida profissional, enquanto professora de Literatura, a isso me obriga, mas por mais autores que leia a minha paixão vai para: Antero de Quental, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena e Eugénio de Andrade. 

EntreGêneros: Como você vê o (re) nascimento do interesse das pessoas pela leitura em suas novas formas de expressão literária ( como em blogs, sites, redes sociais e revistas eletrônicas) ? O que acha dos livros eletrônicos que tornaram livre o acesso através da leitura on line?

Ana Tapadas: O retorno à escrita é óptimo. Escrever é aprender a pensar e isso importa.
As redes sociais são tagarelas. Tenho FB, mas não aprecio a exposição, por isso removo as publicações e mantenho, somente, como forma de estar contactável. Considero os blogues uma forma mais válida e reflexiva. O e-book é excelente e acessível, embora não dispense o papel nem a magia de folhear e marcar com sublinhados.

EntreGêneros: Você acha que a Poesia está tomando um novo rumo nesse século XXI? Acha que as pessoas estão mais interessadas por esse gênero literário?

Ana Tapadas: No caso português a poesia é residual em termos de publicação séria e em papel. 
Eu tive um aluno que, para meu orgulho, é um escritor reconhecido (José Luís Peixoto), com obras em prosa traduzidas em várias línguas, mas a sua excelente poesia (para mim ele é melhor poeta que prosador ou dramaturgo) é menos conhecida e apreciada. Este um caso exemplar do rumo global da poesia neste século.

EntreGêneros: O interesse pelo conto, que tem ganho cada vez mais adeptos, em sua opinião se dá pelo fato de ser um texto breve e de rápida leitura? 

Ana Tapadas: Sabe que esse apreço pelo conto é uma coisa muito brasileira. Ainda bem, porque existem excelentes escritores contemporâneos de conto no Brasil. No ano passado coloquei em videoconferência o escritor bahiano Carlos Ribeiro, da ALB, e foi um sucesso deste lado do mar. Eu sempre apreciei contistas sul-americanos, como Julio Cortázar ou Jorge Luís Borges. 
Por aqui até Miguel Torga saiu dos programas escolares e saiu das prateleiras. Lamentável. 

EntreGêneros: Qual o  gênero literário de sua preferência para  construir seus textos ?

Ana Tapadas: Permita-me que responda a dois tempos: eu gosto de ensaio como forma de questionar seriamente o mundo, mas a minha prática preferida é a prosa poética. A versificação normativa, mesmo em verso solto ou branco e estrofe livre traduz sempre uma prisão para o discurso.

EntreGêneros: Você possui livros publicados? Quais os títulos?

Ana Tapadas: Não. Eu nunca tentei publicar nada, nem me ocorre fazê-lo. Não me julgo escritora, nem busco exposição. Sei olhar criticamente o que escrevo e tenho enorme pudor em publicar, mesmo num blogue, aquilo que escrevo. Admiti responder a esta entrevista por @mizade pura e simples.

EntreGêneros: Tem algum projeto em andamento? Pode nos falar algo sobre ele?

Ana Tapadas: Não, não tenho. Só o meu marido, também professor de Literatura e a minha amiga Gerana Damulakis acreditam dever publicar alguma coisa. Nunca pensei nisso.

EntreGêneros: Termine com uma frase que acha que resume o ato de escrever para você.


Ana Tapadas: Vou ser simples e sem teorias literárias: escrever organiza o meu mundo.



*ANA TAPADAS - POESIAS

6 comentários:

  1. Muito BOM"

    Poder conhecer os autores dos poemas, de um modo tão sincero, nos faz sentir a contemporaneidade dos tempos.

    Parabéns, Ianê e Ana!

    Beijos

    Mirze

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  2. Obrigada, querida Mirze, pela carinhosa presença. É realmente muito gostoso conhecer um pouco mais de cada um.
    Linda entrevista da querida Ana, de além mar. É como senti-la mais perto de nós.

    Beijos as duas amigas.

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  3. Ah querida Ianê, quisera estar ai! Beber um cafezinho...
    bjs

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  4. Seria maravilhoso nos conhecermos pessoalmente, amiga.
    Quem sabe um dia.
    Beijo grande.

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